Por Renata Alves Gava
Psicóloga
MDF área organizacional
Analista Transacional em psicoterapia

Todas as organizações no Brasil são orientadas por uma norma reguladora - chamada de NR-1 - que estabelece disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho. Desde 2024, houve nela uma atualização ampliando o seu foco, passando a ser também voltada à gestão de riscos ocupacionais quanto a saúde mental do colaborador. O maior objetivo é o fortalecimento da cultura de prevenção dentro das organizações, visto o alarmante crescimento do número de afastamentos por depressão, burnout, entre outros transtornos mentais.

A partir deste ano de 2025 (talvez com um possível adiamento para 2026), as organizações precisam incluir no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais a comprovação de que há um envolvimento mais ativo dos colaboradores neste tema, bem como de uma atuação direta da liderança quanto a qualidade do relacionamento interpessoal, e ações diretas que visem ter um ambiente de trabalho que não estimule o prejuízo da saúde mental na organização.

Nesse cenário, a Análise Transacional (AT), desenvolvida por Eric Berne, contribui de forma significativa para a implementação efetiva desta atualização da NR-1. E como?

1. A formação do Analista Transacional da área organizacional atende completamente aos objetivos solicitados por essa norma. Isso abre um campo maior para atuação do Analista Transacional nas organizações, estimulando ações efetivas nesse ambiente.

2. Os estudos de AT sobre a cultura, liderança, relacionamento interpessoal e comunicação nas organizações contribuem genuinamente para este novo momento, oferecendo um conhecimento objetivo e capaz de preparar a gestão para a atuação necessária.

3. ⁠Os conceitos trabalhados na AT permitem que colaboradores e líderes tenham subsídio para a tomada de decisões conscientes, respeitando normas e participando ativamente do gerenciamento de riscos em todas as áreas da empresa.
Além disso, a AT pode ser aplicada nas ações de intervenção a partir dos diagnósticos realizados com objetivo de:

· ⁠Conscientizar sobre temas de saúde mental, como transtornos, emoções, conflitos, saúde integral etc;

· Realizar ações andragógicas sobre como melhorar a comunicação e o relacionamento entre indivíduos e equipes;

· Promover a autoconsciência da corresponsabilidade, ao incentivar que cada colaborador compreenda seu papel na organização e na qualidade de sua saúde mental;

· Identificar Jogos Psicológicos e outras manifestações disfuncionais que podem comprometer o ambiente seguro, como resistência a mudanças ou posturas defensivas diante de orientações.

Nessas e em outras muitas opções, podemos atuar nesse cenário contribuindo para as organizações e também com uma linda oportunidade de divulgar cada vez nossa potente teoria da AT.

Adriana Montheiro – CRP 05/8176
(MDF Psicoterapia. Psicoterapeuta Corporal, Mestre em Educação)

A sexualidade infantil não é um perigo a ser contido, mas uma potência vital a ser compreendida, cuidada e respeitada. Quando ensinamos uma criança a ouvir seu corpo, seus sentimentos e a confiar em um adulto protetor, estamos não só prevenindo o abuso, mas também formando um ser humano com mais recursos para se proteger, amar e respeitar os outros.

Falar sobre sexualidade ainda é tabu em muitos lares, especialmente quando se trata da infância e adolescência. No entanto, a prevenção do abuso sexual e o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes passa, necessariamente, por esse diálogo. O abuso sexual, por sua vez, é uma das formas mais cruéis de violência, geralmente praticada por pessoas próximas à vítima. A dor se torna silenciosa, carregada em segredo por anos, causando impactos profundos na autoestima, no comportamento e nos vínculos afetivos da criança.

Educar é a forma mais efetiva de proteção. Isso começa por ensinar, desde cedo, os limites do próprio corpo, a nomeação correta das partes íntimas e a diferença entre carinho e toques inapropriados. Crianças bem-informadas têm maior capacidade de dizer “não” e buscar ajuda. Também é essencial escutar seus filhos com empatia, demonstrar interesse por sua vida e acolher suas dúvidas e descobertas sem julgamentos. Criar um vínculo amoroso e respeitoso é um alicerce fundamental. Pais costumam encontrar dificuldade ao falar sobre o assunto. Afinal, para cuidar do outro, é preciso também cuidar de si, inclusive da própria sexualidade, muitas vezes marcada por crenças limitantes e silêncios herdados.

Sexualidade não se resume ao ato sexual. Ela está presente desde o nascimento e se manifesta em várias formas de prazer, afeto e descoberta de si e do outro. Por isso, a educação sexual não deve ser restrita à biologia, mas integrar o processo educativo como um todo. Ensinar escolhas e consequências desde a infância fortalece a autonomia e a responsabilidade. Assim, quando a adolescência chegar, os jovens estarão mais preparados para lidar com os desafios da sexualidade com consciência e respeito.

É importante, também, que os pais e cuidadores respondam às curiosidades infantis com naturalidade, adaptando a linguagem à idade e sempre reforçando a confiança para o diálogo aberto. Não se trata de erotizar precocemente, mas de empoderar as crianças a reconhecerem o que é íntimo, o que é público, e como se proteger. Ao contrário do que muitos temem, a educação sexual contribui para o adiamento da iniciação sexual, a redução de parceiros e a prevenção de doenças e gravidez precoce.

Na adolescência, o papel dos pais se transforma: é hora de se tornarem parceiros, escutando sem julgar, acolhendo sem impor. O adolescente precisa sentir que pode contar com seus responsáveis, mesmo nas situações mais delicadas. E se o tema for desafiador para os adultos, vale admitir isso e buscar ajuda juntos. O essencial é demonstrar que o amor, o respeito e o desejo de vê-los felizes continuam sendo prioridade.

A sexualidade também atravessa as questões de identidade e orientação sexual. O comportamento de uma criança não define sua orientação, mas deve ser acolhido com respeito, sem pânico ou repressões. O mais importante é garantir que ela cresça sabendo que é amada e aceita como é. Isso será a maior proteção contra os abusos, contra o preconceito e contra os traumas que, se não cuidados, seguem ecoando por toda a vida.

O mais importante é fazer com que a criança possa ter experiências, das mais diversas com a figura masculina ou feminina, do mesmo gênero, preferencialmente o pai ou a mãe. Mas no Brasil, pesquisas oficiais apontam que 11 milhões de mulheres criam sozinhas os filhos. Podemos pensar que existem muitas crianças, principalmente meninos, que são filhos da mãe. Neste caso, procurar professores do sexo masculino que possam servir de reverência e experiência, em atividades extracurriculares como natação, judô, línguas, etc.

Tanto para o menino, como para a menina, é preciso uma observação constante, que permitirá saber se a criança realmente pode apontar para uma definição homoafetiva ou se ela não tem os modelos necessários para desenvolver seu gênero de uma forma habitual.

E se meu filho se identifica com o sexo oposto?
Depende a fase de desenvolvimento. Mesmo na adolescência, é normal o homoerotismo (se interessar por alguém do mesmo sexo), são pares de companheiros sem maiores consequências. Também não se apavorar se seu filho de 5/6 anos ou menos roubar seu batom e tentar se pintar. Leve na brincadeira e faça como a mãe que aproveitou e maquiou o filho de palhacinho. E se esta for a definição da orientação sexual dele/a, cabe acolher, ensinar como se proteger e permanecer amorosamente vinculado a ele/ela, pois continua sendo seu/sua filho/a.

Para finalizar, é essencial reconhecer que crianças e adolescentes, ao navegarem na internet, estão expostos a diferentes riscos, como conteúdos inadequados, contato com pessoas mal-intencionadas, cyberbullying e situações de exploração. A ausência de orientação e de educação digital adequada aumenta essa vulnerabilidade. Por isso, mais do que apenas supervisionar, é necessário educar: ensinar o uso consciente, crítico e seguro da tecnologia. Pais, responsáveis e educadores desempenham um papel fundamental ao dialogar, estabelecer combinados claros e construir, junto com os jovens, caminhos de proteção e autonomia no ambiente virtual. Assim, fortalecendo habilidades que irão acompanhá-los por toda a vida.

REFERÊNCIAS PARA ORIENTAÇÃO

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Papa Francisco bateu todos os recordes

Papa Francisco levou mais pessoas à Copacabana que Madonna, Stones e Lady Gaga. A missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, reuniu 3,7 milhões de pessoas em Copacabana…

Diversas vezes que o Papa falou de AT de uma forma indireta.

Ele reorganizou o Quadro de Referência da igreja católica. De um jeito consciente e adequado, através do seu Adulto Integrado, trouxe a realidade de forma amorosa e parental.

No documentário “Amém. Francisco responde”, o Papa Francisco afirmou que “Deus não rejeita ninguém” ao ser questionado por jovens sobre a relação da Igreja com a comunidade LGBTQIAPN+. Segundo ele, “a Igreja não pode fechar a porta a ninguém” e destacou que acolher é um dever: “Deus é pai. Eu não tenho o direito de excluir ninguém.”

O filme aborda ainda temas como imigração, racismo, saúde mental, abuso, sexo, economia, tecnologia e feminismo.

Durante todo o período da pandemia, ele não economizou forças para acreditar no potencial humano (Physis) e no poder das Carícias: ele convidou para que todos se unissem para que pudessem atravessar a "tempestade" daquele período. Nesse sentido, só podemos nos desenvolver através das nossas relações.

O Papa denunciou o Jogo de Poder promovido pelas guerras. Nesse sentido, Claude Steiner, um dos principais autores da AT, já tinha registrado comentários sobre a questão.

Mesmo após sua morte, o Papa Francisco continua a inspirar o mundo com gestos de amor e solidariedade. Neste domingo, o Vaticano confirmou que um dos Papamóveis usados pelo pontífice será transformado em uma unidade móvel de saúde para atender crianças desamparadas na Faixa de Gaza. Segundo a Santa Sé, essa iniciativa foi um dos últimos desejos de Francisco, reforçando seu compromisso com os mais vulneráveis até o fim de sua vida.