Conforme prometemos,
Agora vamos aprofundar as questões científicas e as práticas profissionais utilizadas pelos analistas transacionais e apresentadas no último CONBRAT, nas diversas áreas: educacional, psicoterapia, organizacional e saúde.
Estamos convidando os autores a escrever sobre seus trabalhos com um texto mais leve, mais informal, para que as pessoas que não sejam da área específica também possam se inteirar do que é realizado nas outras, a partir do suporte teórico-metodológico da AT.
E fazemos o convite para que cada um de vocês leve o nosso OPÇÕES para os outros círculos de sua convivência, convidando suas redes de amigos a conhecerem as várias possibilidades de abordagens que a Análise Transacional permite.
Os autores se colocam à disposição para elucidar dúvidas, informar referências bibliográficas ou para esclarecer maiores detalhes. Todos eles pertencem ao grupo SOU UNAT e é a forma mais fácil e rápida de contatá-los. Aceitamos sugestões de quais trabalhos você gostaria que fossem colocados aqui.
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EPIGENÉTICA: SCRIPT AUTOGERADO
Antonio Pedreira & Jussimar Almeida |
Nossa Diretora de Comunicação nos fez um desafio e disse-nos:
Jussimar e Pedreira, o Opções é lido por todos os associados da UNAT, os que não são da área psi, ou os que são ainda estudantes. Escrevam em linguagem bem coloquial a participação de vocês com Script Autogerado, explicando o que é Epigenética.
Assim desejamos apresentar estudos preliminares, que reforçam o conceito de “Script Autogerado” como produzido pelo próprio individuo por via bioquímica e influências epigenéticas, adicionando características para além do Script pré-existente, conforme descrito por Berne (1988).
Sempre aprendemos que existem muitas doenças que são genéticas, ou seja, passam de pais para filhos. Hoje com os avanços da medicina, sabemos que a coisa não é bem desse modo. É aí que entra a EPIGENÉTICA. As doenças que são adquiridas pelos filhos como herança genética, atingem somente 15% da população. Resta saber então como os outros 85% conseguem se estabelecer na prole. Ocorre que além da genética, precisamos conhecer a epigenética.
E o que significa EPIGENÉTICA? Tal palavra baseia-se no fato de que existem funções em nosso organismo que estão acima da genética. Significa também que existem doenças que podem surgir nos filhos ou mesmo nos netos, que os pais ou os avós possuem, mas que somente são transmitidas aos filhos através de informações que ficam marcadas nos filhos, porém não são genéticas. O mais interessante disso é que marcas epigenéticas ficam registradas em nossos genes através de reações químicas e a mais comum é chamada de metilação. Em se tratando de reações químicas a nível de genoma (conjunto de genes), tais marcas podem ser apagadas, exacerbadas, ou até mesmo bloqueadas temporariamente. Também, pela epigenética, fica explicado que uma pessoa submetida a estresse muito significativo irá provocar um processo inflamatório em todo o seu corpo.
Script Autogerado em suas mãos
Com isto passamos a saber que o próprio indivíduo poderá determinar em sua vida uma série de doenças em função do seu estilo de vida. Aquelas pessoas que possuem um estilo de vida desregrado possivelmente estão informando continuamente aos seus genes à proposta de vida desregrada que ela leva. Se nosso corpo possui 50 trilhões de células, todas as nossas células vão receber informação através de uma substância chamada cortisol, que será produzida em excesso no organismo. Esse cortisol produzido em função do estresse entra em todas as células de nosso corpo e produz inflamação. Nestes casos tratar os fatores estressante, quase sempre ligados à esfera mental, torna-se necessário. É evidente que o cliente se espanta e diz, mas eu não preciso de tratar minha mente...o que tenho é diabetes, hipertensão etc.
O conhecimento da medicina moderna aponta que doenças tais como, ansiedade, angústia, Alzheimer, psicoses, hipertensão, diabetes, suicídios, e uma enorme quantidade de outras doenças, estão diretamente ligadas a EPIGENÉTICA, e que a abordagem e tratamento dessas doenças devem ser feitas examinando os fatores estressantes e os processos inflamatórios que ocorrem nos indivíduos.
Assim sendo, o nosso comportamento em relação ao mundo externo e ao mundo interno, ou seja, com quem nos relacionamos e como nos alimentamos e o que bebemos e respiramos, podem ser implementados resultando no Script Autogerado ou, resultando em autonomia quando exerço o controle de tais as situações. Sob esta ótica é que surge esse novo olhar no Script Autogerado que implica em alterações na expressão genética de miRNAs (micros RNAs) a nível dos genomas, que atingem gerações futuras, sendo assim, transgeracionais. A nível terapêutico temos a escuta acolhedora, o viver o aqui e agora, o acolhimento sem julgamento, práticas de meditação, técnicas pragmáticas, exercícios físicos, entre outros. Diversos artigos citam a correlação entre medicina integrativa e alteração da expressão genética por via epigenética dentre as quais: a Aromaterapia, Acupuntura, Tai Chi Chuan, Terapias Bioenergéticas, Ioga, Massagens, Meditação, Fitoterapia, Suplementação vitamínica, entre outras, associadas a Análise Transacional, que levam a diminuição do stress e da inflamação crônica utilizando como aferidor o NFKB, vinculado ao cortisol, cuja atuação será bem explanada futuramente por nós em artigo apropriado.
Retornando ao Script Autogerado, torna-se necessário algumas mudanças de paradigmas, como apresentado por Claude Steiner, quando aborda Script da “falta de cabeça”, ou, de loucura e diz: “a cabeça é vista como o centro, a mesa de controle, o computador que reina sobre o restante do corpo, o qual é apenas uma máquina planejada para trabalhar e executar determinadas funções.” (STEINER, 1974, p. 83).
Modernamente, psicoterapeutas necessitam desenvolver novas ferramentas terapêuticas, ou seja, “chaves psíquicas” que, introduzidas por técnicas diversas, possam impedir os processos de metilação do Script Autogerado em andamento. No seminário, as discussões geraram raciocínios do “como” atuar nas ativações ou desativações moleculares na estrutura do DNA, possibilitando ao paciente livrar-se de compulsões, obesidade, sedentarismo, alcoolismo, estresse, ansiedades, depressão, e até mesmo nas tendências a suicídio, homicídios e outras comorbidades.
Reforçando: O Script Autogerado é por nós definido como “motivações internas e externas impulsionadas por tendências neuroquímicas a nível do genoma, estimulado por liberações hormonais, atrelados às emoções e sentimentos capazes de conduzir o destino do indivíduo a condições de vida que podem culminar em ausência de saúde”.
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DR. JUSSIMAR ALMEIDA e DR. ANTONIO PEDREIRA, ambos são médicos psicoterapeutas e psiquiatras e Membros Didatas da UNAT-Brasil.
JUSSIMAR já foi Presidente da UNAT, como também presidente de dois CONBRATs em Vitória (ES). Atual Conselheiro da UNAT.
PEDREIRA é especialista em AT pela FATEB/UNAT. Foi presidente da ALAT, sendo atualmente Diretor Científico.
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O assunto é extenso, e ao ser apresentado no Congresso, foi solicitado aos autores do trabalho que escrevam um livro sobre isso e que em breve estará nas livrarias com o nome de EPIGENÉTICAS: SCRIPT AUTOGERADO.
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ANDRAGOGIA E ANÁLISE TRANSACIONAL:
Ensinando adultos de um jeito que funciona
Carmem Maria Sant´Anna & Fabrizia Rossetti |
Desejamos compartilhar nossa experiência sobre ensino, aprendizagem de adultos utilizando os conceitos da Andragogia e Análise Transacional. Sendo Andragogia a arte e a ciência de apoiar o adulto em seu processo de aprendizagem. E Análise Transacional, cujos conceitos permitem compreender nosso próprio funcionamento e o impacto nas pessoas que nos cercam, assim como padrões de comunicação que fornecem recursos que respaldam a conduta do Facilitador na sua relação com o aprendente adulto.
Para tanto, nosso trabalho consistiu em buscar respostas à seguinte questão: “O que leva pessoas adultas a amarem ou detestarem participar em aulas e/ou treinamentos?”
Os dados abaixo foram extraídos de Pesquisa Quantitativa e Qualificativa para dissertação de mestrado
- Questionários enviados para clientes anualmente
- Avaliações de Reação de Treinamentos corporativos
- Avaliações de reação de aulas e cursos (meio acadêmico)
- Avaliação de aplicabilidade de treinamentos.
RESPOSTAS OBTIDAS:
“não acham os treinamentos ou aulas engajadores”;
“dificuldade para reter e aplicar o que é ensinado”;
“conteúdo superficial e desconectado com a realidade da vida e da empresa”;
“conteúdos não aplicáveis, irrelevantes ou apenas teóricos”;
“Treinamentos sem métricas de aplicabilidade”.
Quanto ao sentimento, sensações e percepções os participantes trouxeram questões como:
- Infantilização 45%
- Sem conexão com a prática 72%
- Constrangimento 63%
Diante desse resultado passamos a buscar um método que desse conta dos desafios apresentados. Encontramos na Andragogia e Análise Transacional, fonte de soluções para a aprendizagem de Adultos.
Testamos esse método por mais de 20 anos de prática em empresas de todos os segmentos e portes e no ambiente acadêmico. É dessa experiência que surgiu o livro Ensinando de um jeito que funciona – Andragogia e Análise Transacional publicado pela Editora Vozes, que visa disponibilizar recursos práticos à base dos princípios da Andragogia fortalecidos pelos conceitos da Análise Transacional. Em cada capítulo é tratado o conceito e o passo a passo do como se faz e sugestões de estratégias práticas no manejo do processo.
Nele são tratados recursos da Andragogia tais como:
- Contrato de Aprendizagem
- Princípios da Andragogia
- Necessidade de saber
- Autoconceito do aprendiz
- Experiência do aprendiz
- Prontidão para aprendizagem
- Motivação
- Estilos de aprendizagem
- CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial
Recursos da Análise Transacional
- Contrato
- Estados do Ego
- Transações
- Posição Existencial
- Emoções
- Outros
Confira depoimentos de participantes que tiveram contato com esses conceitos:
“Identificar os EE’s afim de evitar conflitos no grupo, indivíduos e no processo de aprendizado”
“Entender melhor os processos/falas e sinais emitidos pelos alunos e nos adequar para sermos mais assertivos/justos e saber apoiá-los de forma coerente e correta”
“Acredito que os pontos positivos discutidos durante as análises dos Role plays ultrapassam qualquer possível ponto negativo. EE também acredito ter sido este o ponto de maior utilidade em toda a teoria, pois foi a que me sensibilizou a entender os princípios da psicologia do ser humano (EE).”
“Fica mais fácil entender os alunos a partir dos Estado do Ego, evitando em possíveis jogos intermináveis.”
“Autoconhecimento do aprendiz, considero que foi a melhor parte do curso, pois foi a que me sensibilizou a entender os princípios da psicologia do ser humano (EE).”
“Ficou fácil levar para a empresa os ensinamentos em sala devido às reflexões a partir dos exercícios realizados em grupo e as discussões de como aplicar lá na linha de trabalho.”
“Hoje já espero os participantes para a reunião com a sala arrumada em círculo. E, não abro mão do Contrato mesmo que seja breve, estabeleço o tempo, e as responsabilidades. Percebo a mudança na integração, sentimentos de autoestima elevada e engajamento nas discussões também nos trabalhos em pequenos grupos.”
Para nós são depoimentos que muito nos encorajam. São declarações que revelam a consciência de que o aprendido poderá ser colocado em prática de forma efetiva no seu dia a dia. Aproveitamos para destacar a atualidade dos temas Andragogia e Análise Transacional e a grande necessidade de mais profissionais habilitados a ensinar adultos nas empresas e nas escolas., onde é crescente a presença de público adulto.
É nosso desejo que nossas considerações tenham servido de incentivo para estudar e aplicar a Andragogia e que tenha sido evidenciada a aplicabilidade da Análise Transacional na Educação. Convidamos profissionais de qualquer área a se engajarem Certamente há campo para mais pesquisas para que o reconhecimento desses ricos recursos sejam amplamente divulgados e apropriados por mais profissionais.
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CARMEM MARIA SANT´ANNA – Mestre em Educação, Didata da SBDG. Membro Certificada em Análise Transacional Organizacional e Educacional e Membro Didata em Formação pela - UNAT-Brasil.
FABRIZIA ROSSETTI – Mestre em Sociologia, Formação em Dinâmica dos Grupos (SBDG). Pesquisadora atuante em Estudos do Trabalho e Andragogia. Formação em Análise Transacional – 202.
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