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BERNE, REICH & NEUROCIÊNCIA

Autora: Adriana Montheiro

A proposta é trazer uma atualização, correlacionando e entrelaçando a teoria da Análise Transacional, o conhecimento sobre neurociência & psicofisiologia, e o olhar reichiano, já que todo arcabouço do Script é também corporal. A couraça caracteriológica se expressa através de bloqueios energéticos decorrentes de uma simpaticotonia crônica em grupos musculares específicos, vinculados aos anéis reichianos. Está intimamente associada ao funcionamento do Sistema Nervoso, especificamente ao circuito límbico, hoje considerado o cérebro do cérebro, por coordenar automatismos básicos de sobrevivência, fornecer tônus energético (motivação) para as faculdades mentais superiores e interconectar áreas associativas a partir de estímulos (internos e/ou externos) geradores de sentimentos e emoções. E sentimentos e emoções se expressam através da economia energética - circulação x bloqueio, de acordo com a estrutura caracterial. Vale ressaltar que os conceitos de Reich sobre energia – orgon – são hoje ratificados por conhecimentos trazidos à tona pela física quântica.

Berne considera que o Script de Vida é um plano para a vida frequentemente contendo insatisfações, caracterizado por sentimentos repetitivos desagradáveis (que encobrem sentimentos e emoções mais primitivas e biologicamente naturais que estão reprimidas por esses sentimentos secundários substitutivos); dificuldades nos relacionamentos interpessoais; uma noção de valorização inferiorizada tanto em relação a si como aos outros de si, que pode ser mascarado por um sentimento/atitude de superioridade; respostas automáticas, frente a determinados estímulos caracterizando uma reatividade às situações da vida, incapacitando a pessoa para a habilidade de ser responsivo a situações do aqui e agora. Estes conceitos se superpõem ao conceito reichiano de caráter.

Trabalhar sobre emoções é trabalhar sobre o Script. Sensações e emoções são anteriores à palavra e a semântica corporal revela-se como expressão e comunicação complementar à linguagem oral, envolvendo, portanto, transações internas e externas. Entendemos que o conhecimento e a compreensão desses mecanismos possibilita desenvolver uma metodologia para interferir diretamente no sintoma – físico ou psicológico – já que ambos são indissociáveis e que atuam sempre simultaneamente, ajustados por mecanismos - micros ou macros - de feedback. O objetivo é a busca de um funcionar mais saudável e natural.

Segundo a neurocientista Candace Pert, PhD, as emoções, utilizando-se de comunicadores químicos, são responsáveis pela interface entre o psíquico e o físico. Estão intimamente associadas a respostas psiconeurofisiológicas que sofrem interferência do processo de aculturação. Reich pontua que, preso a imagens idealizadas, o homem moderno encontra-se separado de suas próprias sensações, ignorando que a informação biológica é prevalente à sociocultural e que as sensações são a linguagem das emoções.

Sensações e emoções são anteriores à palavra e a semântica corporal revela-se como expressão e comunicação complementar à linguagem oral, envolvendo, portanto, transações internas e externas. Trabalhar sobre emoções é trabalhar sobre o Script, NO EGO CORPORAL E NO EGO PESSOAL.

Aprender a fala do corpo é aprender a linguagem das emoções e dos sentimentos; é aprender a decodificar corretamente sintomas e sinais. É focalizar a autopercepção; o contato consigo mesmo, com o outro, com a realidade externa. Integrando os vários eus, as diferentes partes de si, pode-se transformar a energia em potencial disponível para a ação e realização de suas metas, na construção de um mundo mais responsável e participativo. Em última análise, é a busca da manutenção da saúde, já que não se aperceber ou negar uma emoção, não susta o circuito neuro-hormonal que ela deflagrou. Ao contrário, deixa o corpo e a mente a mercê de mecanismos de biofeedback descompensados. causadores de disfunções e doenças psicossomáticas.