O que te mobilizou para essa iniciativa?
Em 2017, eu precisei buscar um instrumento de compreensão de comportamento e estrutura de personalidade para utilização em meu projeto de pesquisa do mestrado, foi quando tive contato pela primeira vez com o Modelo de Fluência Funcional criado pela Suzannah Temple e seu instrumento TIFF. Após esse contato, embora tenha mudado o tema da dissertação, fiquei com a curiosidade de saber mais sobre o assunto e como poderíamos usar isso no Brasil.
No início desse ano, voltei a me aproximar da Susannah e veio a ideia de passar pelo processo como cliente. Respondi o questionário do TIFF e fui à Inglaterra receber o feedback pessoalmente com a Liz Jackson, que trabalha com Susannah. Nesse encontro presencial, tive também uma aula particular sobre a construção do modelo de Fluência Funcional, pois meus conhecimentos a respeito do tema eram pelo texto traduzido por Renato Morandi e Margarete De Boni, publicado na Rebat.
Voltei encantada com a facilidade de utilização e replicação desse conhecimento. Fiquei muito interessada em ter esse instrumento no dia a dia e utilizá-lo em meu trabalho na área de fonoaudiologia... Até porque a ideia de Fluência tem muito a ver com comunicação, linguagem e a minha área de atuação. Além disso, esse modelo foi criado para a área de educação, na qual tenho muito interesse. Assim, foi uma soma de fatores que me motivou a fazer algo para que a comunidade de AT aqui no Brasil tenha mais acesso ao tema e que a língua inglesa não seja uma barreira. para que o instrumento venha a ser mais utilizado no Brasil.
Quais seus principais aprendizados nessa experiência?
Perceber que a Análise Transacional é uma teoria viva que continua em desenvolvimento. Constatei que o conteúdo de Fluência Funcional já teve várias atualizações nos últimos anos e inclusive, na semana passada, recebi da Liz uma nova atualização feita pela Susannah em alguns termos específicos.
Fico feliz com essa evolução constante e em saber que tem muita gente preocupada, se ocupando em tornar a Análise Transacional cada vez mais científica, pois buscam validar aquilo que é possível observar empiricamente ou o que é possível constatar pela intuição. Isso é algo que me deixa muito feliz e segura em utilizar a Análise Transacional em minha vida pessoal e no trabalho.
Quais os próximos passos?
Divulgar intensamente a teoria do Modelo de Fluência Funcional para que nossa comunidade de AT no Brasil conheça mais sobre o tema. Além disso, como o modelo é de fácil compreensão, tenho como foco ampliar esse tema para a comunidade em geral, uma vez que não há pré-requisitos para conhecer o modelo, não sendo necessário ter conhecimento prévio em Análise Transacional.
Em paralelo, estamos trabalhando no projeto de validação desse instrumento no Brasil, não somente no sentido de traduzir, mas também garantir sua fidedignidade, uma vez que esse foi desenvolvido no meio acadêmico, no projeto de doutorado da Susannah. Existe uma comissão técnica que tem regras para permitir e validar a tradução em outro país, bem como as regras acadêmicas para que o instrumento seja validado. Esse será um trabalho minucioso de escolha das palavras e sentido das perguntas, em um processo de aculturamento para o Brasil. Esse trabalho pode durar até dois anos. Em paralelo, vamos trabalhar na divulgação da Fluência Funcional e averiguação da demanda para utilização do TIFF pelos profissionais aqui do Brasil.
O TIFF, por definição da Susannah, é “um modelo para compreender como as pessoas se comportam, uma estrutura para ajudá-las a ‘responder’ mais e ‘reagir’ menos”. Pode ser utilizada em processos de autodesenvolvimento, coaching, psicoterapia, desenvolvimento de grupos e por profissionais da área da saúde. A demonstração quantitativa dos resultados deixa mais pragmática a visualização das características individuais, facilitando a tomada de decisões e assertividade nas ações de desenvolvimento.
Ainda terei mais três viagens para a formação presencial na Inglaterra e até o mês de fevereiro eu concluo a formação para aplicação do instrumento em inglês, paralelamente ao trabalho de tradução da ferramenta. Minha principal motivação em investir nesse projeto é a possibilidade em contribuir com nossa comunidade de AT e retribuir um pouco todo o benefício que eu recebo da Unat-Brasil, da teoria e da comunidade de analistas transacionais no Brasil. |